Você é o visitante nº

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

1ª TEMPORADA: Zé (s) - sem eira nem beira




Do Woyzeck ao Zé: a impertinência dos descontentes
O vazio, o mundo sem sentido, o absurdo, a solidão. Não. Não estamos falando de nossa atual conjuntura, mas dos elementos centrais que movem a obra de George Büchner, em particular Woyzeck, datada de 1836 e considerada sua obra prima. Nela Büchner nos presenteia com a consciência impertinente de Woyzeck, o títere que mesmo sendo manipulado por forças anônimas, grita sua solidão e o sem sentido de sua existência. O grito de Woyzeck ecoou em nossa sala de trabalho pela adaptação em versos de Fernando Marques. As rimas metrificadas de Fernando nos colocaram diante do títere por excelência da contemporaneidade, o . Dito assim, direto, objetivo e sem nenhum alento de nome ou sobrenome: não é José, tão pouco pode ser confundido com o Zé-Ninguém; simplesmente Zé. Destituído de tudo e sem capacidade para reagir diante do mundo que insiste em permanecer vazio. Resta-lhe somente o grito, a denúncia de que viver assim é um fardo, pois estamos imersos num paradoxo: a impossibilidade do contato humano na era da comunicação sem fronteiras das redes digitais. Assim, o de Fernando nos desafiou a reconstituirmos os farrapos do seu drama sem recorrer a nenhuma mediação – nada de cenário, figurinos elaborados, trilha sonora, elementos de cena, etc. Somente o encontro humano entre os Zé (s): Zé-atuante e Zé-espectador. Todos assim “sem eira nem beira” enredados neste mundo escroto que nos cerca. 

Elenco: Brida Carvalho e Silvia Luz
Iluminação: Sônia Lopes e Márcia Tarcíso
Direção: Edson Fernando
Apoio: Denis Bezerra
Coordenação da pesquisa matricial: Cesário Augusto Pimentel